AFTOSA: Entrave ao Paraná está na fronteira com o Paraguai
O Brasil caminha para ter, ainda em 2010, todo o território como zona livre de febre aftosa com vacinação e para a liberação do Paraná como zona livre da doença sem a necessidade da imunização do rebanho bovino
A informação é do novo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim, empossado na segunda-feira (24/05). "É uma determinação do ministro Wagner Rossi para que o Brasil ganhe esse status sanitário ainda este ano", disse Jardim.
Entrave - Segundo ele, o pleito do Paraná para ter o status máximo de controle da febre aftosa cumpriu rapidamente todos os pré-requisitos e o único entrave é o fato de o estado fazer fronteira com o Paraguai. Jardim avaliou que no caso de Santa Catarina, que já não imuniza o rebanho contra a doença e, por isso, pede a abertura do mercado de carnes in natura para os Estados Unidos, a questão é comercial.
Efeito dominó - Para o novo secretário, a abertura dos mercados norte-americano e japonês para carnes brasileiras criaria um "efeito dominó" e outros países, principalmente orientais, tomariam a mesma atitude comercial. Jardim informou que, neste sábado, uma delegação brasileira viaja ao Japão para novamente discutir a abertura do mercado, fechados por questões sanitárias.
Relação ampliada - Já a relação com países vizinhos, como o Paraguai, para o fortalecimento da defesa agropecuária, principalmente no caso da aftosa, deve ser ampliada. "Já temos uma parceria com Paraguai e Bolívia, que inclusive recebe vacina nossa, e vamos começar a discussão com a Venezuela", explicou. Internamente, o governo seguirá com a política de fortalecimento do Sisbov (sistema de rastreamento do gado) e de modernização do sistema de informação, como a ampliação das guias eletrônicas para o trânsito de animais.
Kroetz - Por fim, o secretário elogiou o antecessor, Inácio Kroetz, disse que as prioridades durante os sete meses que deve ficar no cargo serão a modernização e investimentos em gestão da Secretaria de Defesa Agropecuária e negou influência política na escolha do seu nome. "Sou técnico de carreira há 38 anos, comandei durante os dois governos FHC e os dois do presidente Lula a Superintendência Federal de Agricultura em São Paulo e desconheço qualquer influência política", concluiu Jardim, que tem fortes ligações com o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP).
SC: Cassel libera recursos para ampliação de frigorífico de cooperativa de assentados
26/05/2010 20:08
O ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Guilherme Cassel, cumpre agenda em Santa Catarina nesta quinta (27) e sexta-feira (28). Participa de uma reunião com prefeitos do Oeste de Santa Catarina e assentados na quinta-feria, às 17h30min, em Dionísio Cerqueira, e estará na abertura do II Encontro Nacional de Habitação da Agricultura Familiar, em Chapecó, nesta sexta-feira, 28, às 10h30min.
Em Dionísio Cerqueira o ministro Guilherme Cassel anuncia a liberação de R$ 1,2 milhão para a reestruturação da cadeia produtiva das aves , beneficiando projetos de assentamento da Região Oeste de Santa Catarina. Os recursos, provenientes do Programa Terra Sol do Incra, serão aplicados na reestruturação da fábrica de ração e ampliação do abatedouro do frigorífico de frangos da Cooperunião, formada por agricultores assentados do PA Tracuitinga, no município de Dionísio Cerqueira (SC). Com a ampliação o frigorifico passará a ter uma capacidade de abate de 1 mil frangos/dia.
Desde 1998, a Cooperunião possui um sistema de produção de frango de corte que é composto por uma fábrica de ração, abatedouro e 12 núcleos de criação com capacidade de alojamento e abate de duas mil aves/dia. Porém, para tornar essa cadeia mais rentável, e portanto viável economicamente, é necessário a adaptação e melhorias em todo o processo. Diante disso, foi desenvolvido um projeto para o Programa Terra Sol com esse objetivo.
Além dos assentados do PA Tracuitinga, os investimentos vão beneficiar diretamente 470 famílias de 15 assentamentos da Região Oeste de Santa Catarina. Entre as melhorias que serão realizadas com os recursos, está a compra de novos equipamentos, propiciando seu funcionamento oito horas por dia, a adaptação da fábrica de ração segundo normas da vigilância sanitária, além de incentivos para a produção de aves por agricultores assentados da região.
Criado em 1988, o PA Tracuitinga possui 60 famílias e, desde o seu início, optou pela produção de forma coletiva. Hoje, está totalmente estruturado, produzindo, entre outras coisas, leite, hortifrutigranjeiros, milho e peixes, além de comercializar frango congelado com a marca Terra Viva em todo o estado. Para suprir a agroindústria, estão instalados também 12 aviários no assentamento.
Habitação
Na sexta-feira, 28, Cassel participa da abertura do II Encontro Nacional de Habitação da Agricultura Familiar, em Chapecó, às 10h30min. O Encontro é promovido pela Cooperativa de Habitação da Agricultura Familiar (Cooperhaf), pela Federação dos Agricultores na Agricultura Familiar (Fetraf-Sul) e pela Cooperativa de Crédito Solidário Cresol Central e será realizado no Pavilhão I do Parque de Exposição da Efapi e começa às 9h.
O Encontro vai reunir agricultores familiares dos três estados do Sul para discutir os programas de habitação desenvolvidos pela Cooperhaf e debater as políticas públicas governamentais para o setor e para o desenvolvimento e sustentabilidade da agricultura familiar.
Município de Dionísio Cerqueira/SC
Reunião com Prefeitos do Oeste de Santa Catarina e Assentados
Data - Quinta-feira, 27-05
Local - Lions Club de Dionísio Cerqueira, à Avenida Adelino Mangine, 160
Horário - 17h30min
Município de Chapecó
II Encontro Nacional de Habitação da Agricultura Familiar
Data - Sexta-feira, 28-05
Local - Pavilhão I do Parque de Exposição da Efapi
Horário - 10h30min
Marfrig compra frigorífico na Irlanda do Norte
Negócio, de cerca de R$ 70 milhões, deve ampliar em 15% a capacidade de produção do grupo brasileiro no Reino Unido
O Marfrig anunciou - ontem a compra do frigorífico irlandês OKane Poultry, por meio de suas subsidiárias europeias, a Marfrig Holdings BV e a Moy Park. O negócio, comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foi fechado em R$ 70 milhões (26 milhões de libras esterlinas). Metade será desembolsada agora e o restante em junho de 2011.
A empresa brasileira comprou a totalidade do frigorífico, sediado em Ballymena, o que inclui a fábrica de ração, incubadoras, granjas, unidades de abate, de processamento de aves e laboratório de pesquisas.
A OKane Poultry, segunda maior empresa da Irlanda do Norte, atrás apenas da varejista Tesco, tem condições de processar 120 mil frangos e 5 mil perus por dia. A aquisição vai aumentar em 15% a capacidade de produção da Marfrig no Reino Unidos. No ano passado, o faturamento da OKane foi de R$ 351 milhões.
Segundo Ricardo Florence, diretor de Planejamento e de Relações com Investidores do Marfrig, além do aumento da capacidade de produção e da base de clientes, a aquisição da OKane permitirá à empresa operar em um novo segmento, o de perus.
Aumentaremos a capacidade de produção de frangos e passaremos a ter peru no nosso portfólio europeu, o que será complementar à operação brasileira Com isso, podemos pensar até na exportação da ave para o Reino Unido, explica o executivo.
Agora, incluindo a operação da OKane e da Moy Park, comprada em outubro de 2008, a Marfrig está presente em todas as principais redes de varejo do Reino Unido, como a Tesco e a Marks & Spencer - com marca própria e com a marca dos clientes. Sozinha, a OKane distribui nos supermercados em torno de 500 produtos diferentes, entre frescos e processados.
Quase a totalidade da operação europeia do Marfrig concentra-se no Reino Unido, mas também há uma pequena distribuição de produtos no norte da França e em parte da Holanda.
Florence evita dar detalhes sobre o plano de expansão da empresa na Europa depois da aquisição. Temos o princípio da diversificação de risco por meio de negócios complementares com os quais já temos, diz o executivo.
O negócio entre a Marfrig e a OKane surgiu por meio da aproximação entre os executivos das duas empresas. Percebeu-se que poderia haver sinergia entre os negócios e um ganho importante de escala. Agora, queremos aproveitar essas vantagens, afirma Florence.
Apesar da depreciação de alguns dos ativos na Irlanda - ainda consequência da quebra do banco Lemann Brothers, em setembro de 2008, e da crise global que se seguiu -, o diretor do Marfrig diz que o valor da OKane não estava depreciado. Encontramos condições financeiras boas, mas foi pago o valor de mercado, explica.
Visibilidade. Para José Vicente Ferraz, sócio da consultoria Agra, o valor pago pelo Marfrig não chega a ser muito expressivo. O montante praticamente equivale a lucro que o grupo teve no primeiro trimestre do ano. Mais importante que o tamanho da operação, foi a posição que a Marfrig comprou nas gôndolas dos supermercados europeus, avalia o especialista em agronegócio.
Perfil. O Marfrig é o quarto produtor mundial de carne e segundo maior exportador de frango. Por dia, são abatidas 30,2 mil cabeças de gado, 10,4 mil de porco, 10,4 mil de ovelhas, 30 mil de perus e 3,1 milhões de frangos.
O grupo é dono de 93 fábricas, distribuídos pela América do Norte e do Sul, Ásia, África e Europa. Seus produtos são encontrados em cerca de 100 países. Nos últimos três anos foram feitas 38 aquisições, dentro e fora do Brasil. Quase metade da receita, 46%, vem das vendas no mercado interno. A Europa representa 39% da receita.
Para lembrar
Empresa fez em 2009 sua maior compra
O Marfrig fez sua maior aquisição no ano passado, ao pagar cerca de US$ 900 milhões pela Seara. A empresa, uma das maiores indústrias de processamento de aves e suínos do Brasil, pertencia desde 2005 à americana Cargill, que havia comprado seu controle, por US$ 130 milhões, da Bunge. O valor do negócio envolveu o pagamento de US$ 706,2 milhões em dinheiro e outros US$ 193,8 milhões em dívidas, e incluiu nove unidades de abate, três plantas de produtos industrializados, nove fábricas de ração, seis granjas, um terminal no Porto de Itajaí e operações de distribuição e comercialização no exterior.
Publicada em: 26/05/2010
O Estado de São Paulo | Paula Pacheco